Quadro Negro: prefeitura diz que obra embargada está “dentro do cronograma”

Colégio Arcângelo Nandi, em Santa Terezinha de Itaipu, era para ser inaugurado em 2015; obra já custou quase R$ 4 milhões

O prefeito de Santa Terezinha de Itaipu, Cláudio Eberhard (PSDB), não tem memória ou pensa que quem sofre de amnésia são os estudantes, pais, mães e a população do município que ele administra. Por meios oficiais, a prefeitura comemora a construção do Colégio Arcângelo Nandi e afirma que as obras “seguem dentro do cronograma”.

A nova sede da escola deveria ter sido inaugurada no primeiro semestre de 2015. A construção foi interrompida por suspeita de superfaturamento, durante as investigações da Operação Quadro Negro, que apura eventuais desvios de recursos destinados a obras de escolas para o pagamento da campanha de reeleição do atual governador Beto Richa (PSDB).

Conforme denúncias, laudo emitido por engenheiro da Secretaria de Estado da Educação apresentava a execução de 90% das obras da Arcângelo Nandi, mas de fato a infraestrutura estava no alicerce quando foram feitas as medições. Mesmo assim, a construtora contratada recebeu R$ 3.736.936,34, acima do valor total do serviço. A obra foi estimada em R$ 3,2 milhões, mas o valor foi reajustado.

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APP-Sindicato/Foz denuncia à comunidade atraso na construção do Colégio Arcângelo Nandi

Reivindicação antiga da população do bairro mais populoso de Santa Terezinha de Itaipu, a nova sede da Arcângelo Nandi ainda está longe de se tornar realidade. Durante todo esse tempo, a comunidade escolar vem sendo penalizada pelo descaso do Governo do Paraná com a escola pública.

Cadê a escola, cadê o prefeito?

O prefeito Cláudio Eberhard jamais cobrou os membros do primeiro escalão do Governo do Paraná e da ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná) o término da escola localizada na cidade que governa. Também nunca exigiu transparência na aplicação dos recursos ou a apuração dos responsáveis pelo embargo da edificação. Foram quase quatro anos de profundo silêncio.

Neste ano eleitoral de 2018, Cláudio Eberhard decidiu falar. Passou a elogiar o governador Beto Richa, o presidente da ALEP, Ademar Traiano, e o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, todos tucanos como o prefeito. Nunca se ouviu uma única reclamação do gestor sobre os desvios e o atraso na obra para atender uma necessidade básica dos itaipuenses, que é a educação pública.

Educadores/as fizeram ato de "desinauguração" do Colégio Arcângelo Nandi
Educadores/as fizeram ato de “desinauguração” do Colégio Arcângelo Nandi

Antes tomado pela omissão, Cláudio Eberhard agora é todo desprendimento. “A retomada das obras do Arcângelo Nandi é uma das primeiras no Estado, graças ao empenho e dedicação da administração municipal”, diz o informativo da prefeitura distribuído aos órgãos de imprensa da região.

A população já pagou praticamente todo o preço da construção do Colégio Arcângelo Nandi, que continua na fase inicial da execução. Há anos de desgaste e prejuízo na aprendizagem vivenciados por alunos/as e professores/as devido às condições inadequadas para o estudo e o trabalho docente. Para o prefeito de Santa Terezinha de Itaipu, entretanto, está tudo perfeitamente bem!

Colégio “desinaugurado”

A construção do Arcângelo Nandi começou em 2014. O início da obra foi anunciado em solenidade que contou com a presença do prefeito e vereadores de Santa Terezinha de Itaipu, a chefe do Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu, Ivone Muller, e de representante da Casa Civil. A obra era para ser concluída logo no ano seguinte.

Em outubro de 2016, educadores/as da base da APP-Sindicato/Foz protestaram contra o desvio de recursos na construção de escolas e a paralisação da nova Arcângelo Nandi. Em greve, professores/as e funcionários/as fizeram ato no alicerce da escola e carreata em Santa Terezinha de Itaipu para denunciar o descaso com os estudantes e a escola pública.