Educação em tempos de covid-19: “EaD” é festa com dinheiro público para beneficiar empresário

Educação em tempos de covid-19: ‘EaD’ é festa com dinheiro público para beneficiar empresário

Diretor da APP-Sindicato/Foz, o professor Silvio Borges denunciou a chamada “EaD” do Paraná como sendo “festa com dinheiro público para beneficiar empresário”. A afirmação foi feita em live sobre educação no período de pandemia, transmitida por um conjunto de entidades sindicais de vários estados do país, nessa sexta-feira, 1º.

O debate virtual classista, programação do Dia do Trabalhador, contou com palestra da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) e de Daniel Cara, da coordenação nacional da Campanha pelo Direito à Educação. Poliana Fé (Apeoesp/SP), Geraldinho GG (Apeoesp/SP) e Felipe Duque (Sepe/RJ) também participaram do diálogo, mediado por Danilo Serafim (Executiva Nacional CSP/Conlutas) e Sara Azevedo (Oposição Sindute/MG).

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Silvio Borges denunciou a transferência de recursos públicos, sem licitação, para empresa de televisão transmitir as videoaulas, bem como, dinheiro repassado às grandes companhias de celular. “Esses gastos chegam ao valor de quase R$ 25 milhões e ainda não sabemos quanto custou o aplicativo que foi criado”, aponta.

O docente destacou, ainda, a exclusão de grande parte dos alunos(as), dado maquiado pela Secretaria de Educação do Paraná. “Estamos fazendo um levantamento em todo o estado, diretamente com os(as) professores(as), verificando o nível de acesso, interação e resposta dos(as) alunos(as) às atividades. A exclusão chega a 90%. Quer dizer, só 10% dos(as) estudantes estão acompanhado a EaD no Paraná”.

Na live, Silvio Borges disse que a “EaD” integra o projeto de desmonte da escola pública que está em curso no estado e no Brasil. Ele lembrou, também, que o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, é empresário de um segmento que vende “tecnologias” e “soluções” para a educação.

“A intenção dos governos é manter a EaD depois da pandemia. Faz parte do processo de mercantilização da educação, de privatização, de transferência dos poucos recursos do ensino público para o setor empresarial”, frisou Silvio Borges. Ele lembrou que a EaD está sobrecarregando professores(as), alguns tendo que fazer atividades em lan house, quando deveriam ter a proteção da saúde como única preocupação.

No debate, educadores do Rio de Janeiro e São Paulo também denunciaram o “ensino não presencial” imposto nos dois estados, que tem como pano de fundo o desmonte do sistema público de educação. Os problemas são semelhantes aos verificados no Paraná, como exclusão de alunos(as), falta de infraestrutura e formação dos(as) docentes, ausência de planejamento e custos elevados.