É greve pela vida. Educadores(as) não retomarão atividades presenciais nesta segunda

Volta às aulas presenciais expõe educadores(as) estudantes e suas familias ao risco de covid-19 – Foto: Marcos Labanca

Professores(as) seguem com aulas on-line; funcionários(as) fazem trabalho remoto, sem comparecer às escolas. Sindicato garante suporte jurídico.

Em reunião ampliada, o Conselho Regional da APP-Sindicato/Foz definiu a organização da greve das atividades presenciais nas escolas de Foz do Iguaçu e região, a partir desta segunda-feira, 10, data imposta pelo Governo do Paraná para o retorno das aulas em sala. A paralisação está aprovada pela categoria desde 17 de fevereiro, durante assembleia estadual.

Leia também:

Ratinho Jr e Feder mentem: volta às aulas nesta segunda, vacina quando der

Greve pela vida: volta às aulas só com vacina e controle da pandemia

A greve pela vida será nas escolas em que há previsão de retorno presencial das aulas. Nessa situação, estão cerca de 30 instituições em nove cidades de abrangência do Núcleo Sindical, sendo dez delas em Foz do Iguaçu. Não há segurança para o retorno das aulas, pois a pandemia não está controlada e não existe vacina para toda a população.

Com a greve, professores(as) deverão seguir realizando o trabalho remoto, ofertando as aulas on-line. Agentes educacionais não deverão comparecer às escolas, mesmo os(as) que estão cumprindo escala. O sindicato dará suporte e acompanhamento jurídico para os(as) educadores(as).

É fundamental que funcionários(as) e pedagogos(as), em revezamento de trabalho presencial neste momento, passem a ficar em suas casas, exercendo as atividades profissionais de forma remotamente. É que a volta das aulas presenciais resultará no aumento do risco de transmissão do novo coronavírus e suas variantes.

Motivos da greve pela vida

Sem apresentar estudo científico capaz de demonstrar o arrefecimento da pandemia de covid-19 e sem vacinação para a população, Ratinho Junior
e Renato Feder determinaram o retorno presencial das aulas em centenas de escolas. Essa medida é irresponsável, coloca em risco a vida de professores(a), funcionários(as), estudantes e suas famílias.

A reabertura das escolas para o ensino irá acelerar a pandemia, com resultados dramáticos no número de mortes, novos casos da doença e internação hospitalar. A volta às aulas somente é minimamente segura com 70% da população imunizada, afirma o cientista Lucas Ferrante. Ratinho Junior só conseguiu vacinar cerca de 9% dos paranaenses com a segunda dose (16% com a primeira aplicação).

Conforme o pesquisador, não há protocolo seguro para a volta às aulas presenciais. Lucas Ferrante é autor da “Avaliação da Pandemia de Covid-19 no Paraná – Medidas Necessárias para Controle da Pandemia” (ACESSE). O estudo demonstra que qualquer relaxamento no distanciamento social, neste momento, terá impacto 15 dias depois nos hospitais.

Retomar o trabalho letivo em sala de aula, agora, significa abrir as portas das escolas para a covid-19. Foi o que aconteceu em mais de 40 países pesquisados por Lucas Ferrante, e também no Amazonas. Nesse estado, foi o retorno às aulas presenciais, em setembro do ano passado, que desencadeou a mortandade e o colapso hospitalar que chocou o mundo.

Neste sábado, 7, o Paraná registrou 6.084 novos casos e 152 óbitos pela covid-19, pelos dados das últimas 24 horas. No acumulado, o estado chegou a 971 mil diagnósticos confirmados da infecção pelo novo coronavírus e 23,4 mil paranaenses já perderam a vida devido à doença.

Em Foz e região, a pandemia em alta

Voltar às aulas presenciais em quase 30 escolas representa o desprezo pela vida e pela saúde da comunidade escolar, por parte de Ratinho Junior. Essa insensatez é endossada pela chefe do Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu (NRE), Silvana Garcia, sempre às ordens do governo, sem esboçar preocupação com educadores(as) e alunos(as).

O Hospital Municipal de Foz do Iguaçu está lotado, com 100% de ocupação. A unidade de saúde é referenciada para o atendimento a pacientes graves de covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), das nove cidades de abrangência da 9ª Regional de Saúde, de Foz a Ramilândia.

A 9ª Regional de Saúde de Foz do Iguaçu é a que tem o maior coeficiente de mortes em todo o Paraná. As nove cidades somam 255,9 óbitos pela covid-19 a cada 100 mil habitantes, à frente dos índices do estado (203,8) e da região metropolitana de Curitiba (233,8), por exemplo.

Boletim epidemiológico deste sábado mostra elevação da média móvel de casos em Foz do Iguaçu, que está no elevado patamar de 100,29 ocorrências diárias. Também cresceu o número de pessoas com a doença neste momento, os casos ativos, com potencial de transmissão.

São 598 casos ativos da infecção do novo coronavírus, mostra o informe epidemiológico municipal deste sábado. Em isolamento domiciliar, estão 458 pessoas; pacientes internados na rede hospitalar são 140.

A saúde iguaçuense também registra a média móvel de 3,43 mortes diárias. Somente em maio, foram 26 vidas perdidas no município em decorrência da infecção provocada pelo novo coronavírus.

Na comparação com a semana anterior, o número de novos infectados praticamente dobrou, passando de 362 pessoas contaminadas para 702. No intervalo entre 02/05 (domingo) e 08/05 (sábado) foram 702 novos casos (*).

Em Medianeira, a segunda cidade da região em número de habitantes, o médico Dr. Fernando Rossi, do Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Luz, afirma que a saúde está próxima do colapso. Segundo ele, somente nesta madrugada, três jovens foram intubados, demonstrando o rápido crescimento da doença entre jovens (ASSISTA AO VÍDEO).

* Parte de levantamento do jornalista Guilherme Wojciechowski; acesse-o na íntegra.