Dez motivos para a revogação imediata do Novo Ensino Médio

Estudantes protestam pedindo a revogação do Novo Ensino Médio – foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Sociedade e poder público devem construir um modelo que garanta educação de qualidade para adolescentes e jovens, com preparação para a vida, o mercado de trabalho e a universidade.

A APP-Sindicato/Foz engrossa a voz pela imediata revogação do Novo Ensino Médio (NEM), herança do programa “Ponte para o Futuro”, do governo Temer, que submete a educação ao atraso. Essa política foi instituída com a Lei 13.415, aprovada em 2017, modelo que hoje mostra-se não ter como ser reformado, devendo ser abolido, já.

ARTIGO – Novo Ensino Médio: futuro para quem?

Sociedade e poder público devem construir um paradigma que garanta educação de qualidade para adolescentes e jovens. Pensamento crítico e reflexivo, acesso à diversidade artística e cultural produzida pela humanidade e domínio de tecnologias são perfeitamente compatíveis com a oferta de um ensino médio que leve o estudante à universidade pública e ao mercado de trabalho.

DEFORMA – Carta Aberta pela revogação da Reforma do Ensino Médio

10 motivos para a revogação imediata do Novo Ensino Médio:

1. A carga horária para as disciplinas básicas da base foram reduzidas de 2.400 horas para 1.800 horas, diminuindo aulas de Português e Matemática, por exemplo, e substituindo principalmente as áreas de humanas. Assim, o Novo Ensino Médio compromete o acesso dos estudantes à universidade pública, especialmente dos setores populares, ao suprimir conteúdos fundamentais para o conhecimento universal, o senso crítico e a reflexão, por uma formação precária e superficial.

2. Os chamados itinerários formativos, muitas vezes, são conteúdos genéricos e sem objetividade. Há casos em que alunos prestes de fazer o ENEM ou o vestibular estudam “O que rola por aí”, “RPG” e tantos mais.

3. Com a redução da carga horária das disciplinas, professores com licenciaturas são obrigados a completar a jornada de trabalho assumindo diversas turmas de alunos, dividindo-se em várias escolas, elevando a sobrecarga que leva ao adoecimento.

4. Com as disciplinas básicas sob ataque, ocorre a redução do interesse pelas licenciaturas entre os estudantes que estão entrando na universidade.

5. O NEM leva ao aumento do número de profissionais na escola sem formação específica, os quais atuam com os conteúdos dos itinerários, dando aulas para adolescentes e jovens em idade para iniciar no mercado de trabalho e fazer a preparação para o ensino superior.

6. A diversificação do currículo teria, oficialmente, a finalidade de formar o estudante do ensino médio para o mundo do trabalho. Na prática, não é o que acontece com o novo modelo, pois as generalidades pouco atendem às demandas profissionais, sequer prevendo estágios.

7. Estreitar a distância entre educação e emprego de tecnologias seria outra finalidade da reforma instituída no governo Temer. Porém, a realidade das escolas públicas do Paraná e do Brasil é bem outra, devido à falta de investimentos na infraestrutura, laboratórios, computadores, rede de internet, etc.

8. O NEM fragiliza o fundamento da escola pública com a “parceirização” desenfreada na educação, por meio de relações pouco ou nada transparentes, firmadas a partir de interesses econômicos e/ou políticos. No Paraná, um exemplo das parcerias que prejudicam estudantes e educadores é a estabelecida pelo governo com a faculdade privada Unicesumar, em que o estado desembolsou cerca de R$ 40 milhões dos cofres públicos.

9. O Novo Ensino Médio retira o estudante da sala de aula, da interação com a turma e os educadores, porque permite que o aluno faça parte da carga horária de forma on-line e virtual, com material didático produzido por profissionais ou instituições que não são da educação.

10. O NEM é um passo inadequado para uma sociedade que deve buscar, nas futuras gerações, a construção de conhecimentos e tecnologias, e não apenas a mão de obra barata.