Dia de Zumbi dos Palmares: basta de racismo, basta de violência

“Quem tá gemendo
Negro ou carro de boi?
Negro não. Negro geme porque apanha
Apanha pra não gemer”
(Solano Trindade)

 O Governo Temer ataca violentamente os direitos humanos, os serviços públicos e as mínimas garantias sociais e trabalhistas. Toda a população está sendo penalizada pelas políticas que favorecem o capital, o agronegócio e o grande empresariado. Mas são as write my essay for me pessoas negras as mais atingidas pelas reformas trabalhista e da Previdência, pelos ataques contra a educação, o desemprego e os cortes de recursos para a saúde pública.

Para a população negra no Brasil, são séculos de resistência a todas as formas e violência e exploração, desde a luta contra a escravidão até o racismo estrutural que ainda vigora na sociedade brasileira. Esse racismo traduz-se em injustiças: as pessoas negras são mais atingidas pela falta de trabalho, pela violência, dificuldades de acesso à educação e ao direito à moradia. O racismo à brasileira manifesta-se, ainda, de forma velada, fruto do engodo histórico que denominou-se “democracia racial”.

No ambiente da escola, é necessário que o debate sobre o racismo e as formas de sua eliminação seja pautado cotidianamente. Cabe à comunidade escolar – educadores/as estudantes e pais – enfrentar e denunciar toda e qualquer manifestação racista. A escola é um espaço privilegiado para a afirmação da igualdade e para a construção de uma sociedade com direitos iguais para todos/as.

LEIA “Vamos falar sobre racismo e intolerância”, um texto da professora Aline Torres

 Genocídio da juventude negra

Conforme levantamento do portal Geledes (www.geledes.org.br), a cada 23 minutos um jovem negro/a é assassinado no Brasil. Em 2015, foram registrados 59 mil homicídios no país. Destes, 30 mil são jovens de 15 a 29 anos e, do total de mortos, 72% são negros/as. Trata-se de um verdadeiro genocídio contra a juventude negra, alimentado pelo racismo e pelas profundas desigualdades sociais.

Tomaz Silva/Agência Brasil
72% dos jovens assassinados no Brasil são negros – foto Tomaz Silva/AB

A agenda conservadora imposta ao país cria um ambiente de ódio e racismo que torna ainda mais difícil as condições de vida dos jovens negros/as. As reformas que retiram direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, somadas ao desmonte das universidades (e, com isso, a restrição da assistência estudantil) e a reforma do ensino médio, compõem o quadro dramático enfrentado diariamente pela juventude afro.

As narrativas reacionárias presentes na sociedade, que atacam as cotas raciais de acesso a concursos públicos e ao ensino superior, a tentativa de implantar a Lei da Mordaça para acabar com a reflexão e a crítica nas escolas escancaram o racismo ancorado no research paper writing posicionamento ideológico do governo. As propostas que visam reduzir a maioridade penal e que criminalizam a discussão sobre gênero e diversidade fazem parte do espectro de ataques que afetam principalmente a juventude negra.

Seja negra (*)

Mulheres negras são hoje, no Brasil, mais de 23% da população, segundo o Instituto Búzios. Ser mulher e negra em uma sociedade culturalmente machista e racista é um desafio cotidiano para tantas trabalhadoras brasileiras. As mulheres negras lutam para ter sua identidade negra valorizada, ter seu corpo respeitado, ter a liberdade estética de utilizar seus cabelos como se sentem bonita e sem imposição de um padrão branco e eurocêntrico.

Dandara
Dandara, guerreira negra da luta contra a escravidão no Brasil – foto Reprodução

 

Mulheres negras são referência na luta contra um sistema patriarcal e racista e muitas delas foram invisibilizadas na história. Mas temos Dandara, Tereza de Benguela, Beatriz Nascimento, Enedina Alves Marques, Elza Soares, Cidinha da Silva, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, Carolina de Jesus e Nilma Lino Gomes. Há muitas outras que inspiram a reconstroem a esperança em uma sociedade livre de violência contra as mulheres, contra a população negra e LGBT, de comunidades tradicionias e todas as formas de opressão.

* Extraído do “Jornal Mural da APP”

Zumbi dos Palmares

O Brasil é o país que mais recebeu escravos africanos no mundo e a última nação “independente” do continente americano a abolir formalmente a escravidão. O fim da escravatura não foi um benefício concedido pela elite branca, como parte da historiografia afirma. Foi resultado da organização, da luta e da resistência da população negra. Assim, desde 2003, o 20 de novembro celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares, herói negro que liderou o Quilombo dos Palmares, um ícone da luta do povo negro por liberdade e direitos.