Tráfico de pessoas: seres humanos vendidos como produto no mercado

Mulheres e meninas são as vítimas mais frequentes do tráfico de pessoas – Foto UNODC/Agência Senado

Crime silencioso afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas e movimenta 32 bilhões de dólares por ano.

Desde 2013, a cada ano, 30 de julho marca Dia de Combate ao Tráfico de Pessoas, instituído pelas Nações Unidas. O objetivo promover a conscientização e ações contra tráfico humano, exigindo políticas públicas para coibir o crime.

O tráfico de pessoas é silencioso e velado, mas é um crime praticado com desenvoltura. No mundo, são cerca de 2,5 milhões de vítimas em diversas modalidades: exploração sexual, remoção de órgãos, adoção ilegal, servidão doméstica, casamento servil, servidão por dívida e trabalho análogo à escravidão. É uma prática altamente rentável, com os criminosos movimentando 32 bilhões de dólares por ano.

No Brasil, de 2012 a 2019, foram 5.901 denúncias de tráfico humano nos disques 100 e 180, ambos canais de atendimento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Entre os anos de 2010 a 2022, foram contabilizadas 1.901 notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (SINAN).

Além disso, 60.251 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão, entre 1995 e 2022, segundo dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas.

Durante encontro sobre o tema em Foz do Iguaçu, o delegado da Polícia Federal e chefe do Serviço de Repressão ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes, Joziel Brito de Barros, revelou números contundentes. Os dados são relacionados ao tráfico de pessoas e contrabando de migrantes.

“Precisamos, com urgência, que os governos e a sociedade civil tomem decisões”, alertou. O tráfico humano e contrabando de migrantes, disse, “podem se tornar as atividades mais lucrativas do mundo, ultrapassando o tráfico de armas e drogas. A Polícia Federal resgata, hoje, uma média de 2,5 pessoas por dia, vítimas do tráfico de pessoas”, afirmou Brito de Barros.

Para a presidenta da APP-Sindicato/Foz, Janete Batista, os relatos mostram que as mulheres são a maioria das vítimas de tráfico de pessoas. “É um crime que tem perspectiva de gênero. Se percebe que as relações desiguais de gênero, socialmente construídas, culturalmente aceitas e historicamente reproduzidas, confirmam-se de forma definitiva no âmbito do tráfico de pessoas, configurando-se como uma das piores formas de violência contra as mulheres”, expôs.

Para Janete Batista, como sociedade, “precisamos nos unir em redes de denúncias, pois os criminosos não podem ficar impunes, sendo necessário investimento do poder público”, pontuou. “Até quando ficaremos calados vendo humanos sendo vendidos como um produto de mercado?”, indaga a dirigente da APP-Sindicato/Foz.

 

 

APP-Sindicato/Foz