Categoria denuncia medidas que afetam a qualidade da educação e reformas que cortam direitos
Falta de funcionários/as, sobrecarga de trabalho, adoecimento e perdas de direitos estão entre as principais denúncias feitas pelos educadores/as durante o ato público realizado em frente ao NRE (Núcleo Regional de Educação) de Foz do Iguaçu, nesta quarta-feira (30). A mobilização paralisou cerca de 60% das instituições de ensino, conforme levantamento da APP-Sindicato/Foz.
O movimento relembrou o dia 30 de agosto de 1988, quando servidores/as em greve acampados no Palácio Iguaçu, a sede do Governo do Paraná, foram reprimidos por forças policiais e sua cavalaria, sob ordens do então governador Álvaro Dias (PODEMOS). Este ano, a atividade também rememorou o episódio de violência sofrida pela categoria em 29 de abril de 2015, durante protesto em Curitiba para impedir o desmonte da carreira e o confisco do fundo de aposentadoria dos funcionários públicos. O “Massacre de 29 de Abril” foi conduzido pelo atual governador Beto Richa (PSDB).
No protesto em Foz do Iguaçu, os educadores/as protocolaram no NRE um documento onde pedem que a chefia do órgão exija do Governo Estadual a contratação de agentes educacionais para suprir a demanda das escolas. Conforme a secretária de Formação da APP-Sindicato/Foz, Cátia Castro, algumas instituições não dispõem de nenhum funcionário/a em determinados turnos de aulas, devido à defasagem do quadro de pessoal.
A dirigente sindical afirmou que faltam servidores/as para atender áreas essenciais. “A carência de funcionários/as revela o descaso do governo com a educação e afeta serviços básicos, como até mesmo o preparo da merenda dos alunos/as”, frisou. “Com isso, os agentes educacionais cumprem exaustivas jornadas de trabalho e têm suas funções e horários remanejados constantemente”, completou.
Direitos desrespeitados
O secretário de Organização da APP-Sindicato/Foz, Silvio Borges, destacou que várias iniciativas do Governo do Estado estão afetando a qualidade do ensino. Como exemplo, ele citou a redução da hora-atividade, medida que elevou o volume de trabalho dos professores/as na escola e durante o tempo de repouso. “Isso gerou desemprego, prejudicou a preparação de aulas e está causando o aumento de doenças entre os educadores/as”, afirmou.
Os educadores/as ainda aproveitaram a mobilização em defesa da escola pública para dialogar com a população e denunciar os efeitos das reformas da Previdência, da lei trabalhista e do ensino médio, propostas defendidas pelo Governo Federal. “São mudanças que retiram direitos dos trabalhadores e enfraquecem os serviços públicos. O povo mais uma vez está pagando por uma crise que não é sua”, enfatizou o representante sindical.
A professora Maria Madalena Ames enfatizou que as recentes resoluções do Governo do Paraná levaram os professores/as a trabalhar mais sem ganhar por isso e ferem o direito ao afastamento para tratamento médico. “Levar atividades para casa devido à redução da hora-atividade significa trabalho não remunerado e o governo ainda está punindo os educadores/as que estão ficando doentes por essa sobrecarga. Temos o direito de adoecer”, disse.
O professor Ari Luis Jarczewski, de São Miguel do Iguaçu, fez um balanço positivo da adesão da categoria ao movimento nas cidades da região e destacou a importância da mobilização da impedir retrocessos maiores na carreira dos educadores/as e seus efeitos na escola pública. “São tempos difíceis, de muitos ataques dos governos. Por isso, devemos valorizar a participação de cada educador/a nesta paralisação”, ressaltou.