
Pais, responsáveis, educadores e alunos disseram não em três das quatro escolas de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu nas quais foram impostas consultas.
A comunidade escolar do Paraná deu mais uma demonstração contundente de resistência às tentativas do Governo Ratinho Junior (PSD) de avançar sobre a gestão das escolas públicas por meio da militarização e da privatização. Entre os dias 17 e 19 de novembro, pais, mães, responsáveis, estudantes e educadores foram às urnas em 96 colégios para decidir a adesão aos programas Parceiro da Escola e Cívico-Militar — e a resposta foi novamente negativa.
O resultado estadual é categórico: 82 escolas rejeitaram a privatização, apenas duas aceitaram, e 11 unidades não atingiram quórum para validação. No caso das escolas cívico-militares, em diversas regiões do Paraná a consulta também refutou o modelo, apesar das mudanças recentes na legislação que permitem militarização mesmo sem participação mínima da comunidade.
3 a 1
Na fronteira, a mobilização foi expressiva e consolidou uma vitória ampla da comunidade local. As quatro instituições de ensino consultadas — duas em Foz do Iguaçu e duas em Santa Terezinha de Itaipu — demonstraram maturidade democrática e disposição em defender a escola pública.
Foz do Iguaçu
Colégio Estadual Cataratas — militarização
297 votos NÃO x 167 SIM (quórum atingido)
A rejeição reafirma decisão já tomada pela comunidade em 2023, contrariando a tentativa do governo de impor nova votação.
Colégio Monsenhor Guilherme — privatização
124 votos NÃO x 56 SIM (quórum atingido)
Comunidade rejeita novamente o Parceiro da Escola.
Santa Terezinha de Itaipu
Colégio Dom Manoel Konner — privatização
264 votos NÃO x 14 SIM (quórum atingido)
Uma das votações mais expressivas do estado contra a privatização.
Colégio Arcângelo Nandi — militarização
170 votos SIM x 113 NÃO (quórum atingido)
Porém o SIM prevaleceu.
Mesmo com resultado favorável, devido à nova lei aprovada pelo Governo Ratinho Junior, o colégio será militarizado automaticamente, sem respaldo pleno da comunidade.
“A escola pública resiste”: APP-Sindicato comemora vitória e cobra governo
A presidente da APP-Sindicato/Foz, Janete Batista, destacou a força da mobilização e alertou para as insistentes ofensivas do governo contra a gestão democrática. “A escola pública resiste e, mais uma vez, derrotou o plano autoritário do governador Ratinho Jr. para privatizar a educação. Espero que dessa vez o governador se convença que a comunidade escolar em Foz do Iguaçu e no Paraná diz NÃO à militarização e à venda da escola pública.”
Para Janete, a mensagem das urnas reafirma que a política educacional deve ser construída com diálogo, participação social e respeito às decisões da comunidade — e não a partir de imposições governamentais respaldadas por mudanças oportunistas na legislação.
A mensagem é inequívoca: NÃO É NÃO
O resultado das consultas reforça o compromisso da comunidade escolar com uma educação pública, gratuita, plural e democrática — e desmonta a narrativa de que os modelos privatistas e militarizados teriam apoio popular.
Mesmo diante de pressões, falta de divulgação adequada e regras que restringiram a participação de estudantes, a comunidade reagiu de forma organizada e consciente.
A disputa pode continuar, mas o recado enviado pelas urnas em Foz do Iguaçu, no Oeste paranaense e em todo o estado é firme e direto: o Paraná quer sua escola pública viva, plural e democrática.



