Com o plenário lotado de educadores(as), estudantes, pais e mães de alunos(as), a Câmara Municipal de Vereadores de Medianeira promoveu audiência pública nessa quarta-feira, 10. O espaço foi usado para esclarecer e informar a comunidade sobre a greve dos(as) servidores(as) do Paraná.
Durante o diálogo, Caroline de Paula Weiss e Márcio Falkemback, dos colégios Costa e Silva e Mondrone, representaram os(as) estudantes e usaram a tribuna do Legislativo. Eles expressaram apoio aos(às) educadores(as) em greve e à pauta a favor da escola pública.
Professoras em Medianeira, Cleo Telch e Solange Busato apresentaram os motivos que levaram a categoria à greve, detalharam as reivindicações trabalhistas e educacionais e fizeram um balanço da paralisação. A audiência foi acompanhada por Diego Valdez e Antônio Calos de Lima, da APP-Sindicato/Foz.
Dos nove vereadores de Medianeira, oito firmaram a carta-compromisso elaborada pelos(as) educadores(as). Eles se comprometeram com as reivindicações dos(as) servidores(as) e farão a interlocução com deputados estaduais da região para que eles pressionem o governador Ratinho Junior (PSD) a apresentar proposta para o fim da greve.
“Estamos juntos nesta causa e respaldamos os(as) professores(as), estudantes e pais de alunos(as) aqui presentes”, disse o presidente da Câmara de Medianeira, Valdecir Fernandes. “Sou solidário, me comprometo com o documento [carta-compromisso] e vou continuar conversando com o deputado com o qual mantenho contato político”, disse.
Desmonte da escola pública
Em sua explanação, Cleo Telch fez um histórico apontando que desde 2010 acentuou-se no Paraná o projeto de desmonte da escola pública. Ela citou vários direitos retirados dos(as) educadores(as) e medidas que prejudicam o processo ensino-aprendizagem, afetando diretamente os(as) alunos(as).
Ela citou, como exemplos, o fim da Sala de Apoio, a redução da hora-atividade, o fim da exigência de formação específica para aulas de português e matemática e a superlotação de salas. Ela questionou, ainda, a Prova Paraná, a imposição de apostilas em detrimento do livro didático, a prova e banca para PSS e o salário do agente I, abaixo do mínimo regional.
“Nossas pautas principais são o pagamento da data-base, a retirada do Projeto de Lei Complementar n°4/2019 – que acaba com a carreira e congela salários por 20 anos – e o fim de prova para PSS”, frisou. “Exigimos também que nenhum funcionário(a) continue ganhando abaixo do salário mínimo regional”, completou.
Arrocho para servidores(as), benefícios a empresas
Em sua fala, Solange Busato relatou aos vereadores e à comunidade escolar de Medianeira que os(as) servidores(as) tentam negociar com o governo há seis meses. A professora lembrou que foram oito reuniões e nenhuma proposta apresentada pelos representantes de Ratinho Junior.
Da tribuna da Câmara de Vereadores, Solange disse que o governador exige “sacrifício” dos(as) servidores(as), alega não ter dinheiro para recompor perdas salariais da inflação, mas concede R$ 55 bilhões em benefícios fiscais a empresas. “Valor 22 vezes maior do que o governo nos deve”, frisou.
“Hoje, o(a) servidor(a) público(a) trabalha 12 meses, mas só recebe dez salários, pois as perdas provocadas pelo calote da data-base passam de 17%”, denunciou. “Revelamos aqui apenas um pouco das dificuldades que enfrentamos no dia a dia como trabalhadores(as) da educação”, finalizou Solange.