Com apenas 3% de reposição, defasagem salarial dos(as) servidores(as) segue acima de 30%

Foto ilustrativa: Pixabay

Poder de compra da categoria sofre achatamento ainda maior com a alta da inflação; perdas causam endividamento e prejudicam a economia.

A reposição salarial de apenas 3%, a vigorar na folha de pagamento de janeiro, mantém a defasagem salarial dos(as) servidores(as) da educação acima de 30%. Em 2021, essas perdas totalizaram 34,72%, patamar que deverá ser novamente atingido em maio deste ano, na data-base, devido à inflação.

O achatamento dos salários é severo entre educadores(as), que permaneceram quase seis anos sem qualquer reajuste. Além disso, professores(as), funcionários(as) de escola e aposentados(as) em níveis mais elevados da carreira acumulam essas perdas integralmente.

Os cálculos são da equipe econômica da APP-Sindicato. A perda de poder aquisitivo dos(as) trabalhadores(as) da educação agravam-se com o avanço inflacionário no país. O Brasil registrou a maior alta da inflação em 12 meses desde 2003, em outubro e novembro, chegando a 10,74%.

A presidente da APP-Sindicato/Foz, Janete Batista, reforça que o reajuste de 3% aos(às) educadores será rapidamente corroído pela inflação, sendo importante que a população tenha conhecimento dessa defasagem. “A propaganda de Ratinho Junior não condiz com a nossa realidade”, frisa.

“A verdade é que os(as) educadores(as) estão passando por dificuldades, muitos dependendo de cesta básica para sobreviver”, denuncia. “Essa falta de valorização afeta as condições de ensino, prejudicando a qualidade da educação”, pontua Janete.

Endividamento e incerteza

O achatamento dos salários provoca o endividamento dos(as) servidores(as). No caos de agentes educacionais – merendeiras, secretárias, serviços gerais, entre outros(as) – que recebem salários abaixo do piso regional do Paraná e sofrem com terceirizações, o sustento familiar é comprometido.

Além disso, a política de defasagem salarial afeta diretamente a economia das cidades, com efeito sobre o comércio e os serviços, pois há retração do consumo entre o funcionalismo público. Os servidores(as) do Paraná perdem 4,5 salários por ano, na média, conforme o estudo econômico.

O “projeto do piso” e as mudanças na carreira aprovadas pela administração estadual no fim do ano passado trazem incertezas. Soma-se a isso, o atraso da publicação da tabela de vencimentos pelo governo estadual, gerando dúvida e ansiedade porque a categoria ainda não sabe o cálculo salarial.

Gráfico mostra a defesagem salarial da categoria – Arte: APP-Sindicato

Arrecadação do governo em alta

Para achatar os salários dos(as) servidores(as), o Governo do Paraná usa um discurso falacioso de “falta dinheiro”. Mas os números mostram que a arrecadação está em alta, superando R$ 8,3 bilhões em 2021, com estimativa ainda maior para o ano atual.

“Tanto é assim que o governador deu um aumento exponencial para o grande empresariado, principalmente do agronegócio, elevando as isenções fiscais de R$ 12 para R$ 17 milhões”, sublinha a presidente da APP-Sindicato/Foz. “É uma política de desmonte da escola e dos serviços públicos”, finaliza Janete Batista.

(APP-Sindicato/Foz)