Cátia Castro – Construir disposição para a resistência!

SEJAMOS REALISTAS: OU TENTAMOS REVERTER ESSA SITUAÇÃO NO ÍNICIO DO ANO LETIVO OU ACEITEMOS TRABALHAR O ANO TODO EM CONDIÇÕES PIORES QUE 2017.

– COM REDUÇÃO DE SALÁRIOS DOS PSS;
– COM AGENTES EDUCACIONAIS I RECEBENDO ABAIXO DO SALÁRIO MÍNIMO REGIONAL;
– DOIS ANOS SEM REPOSIÇÃO SALARIAL;
– SEM CUMPRIMENTO DO PISO SALARIAL NACIONAL;
– COM DIMINUIÇÃO DA HORA-ATIVIDADE;
– SEM RETIRAR AS FALTAS DE GREVE/PARALISAÇÕES DA CATEGORIA DE 2016 E 2017;
– COM JORNADA EM HORA-RELÓGIO;
-COM MAIS PUNIÇÕES NA DISTRIBUIÇÃO DE AULAS;
– COM FECHAMENTO DE TURMAS, DE TURNOS, DE CURSOS, CELEM;
– COM TURMAS SUPERLOTADAS;
– COM FALTA DE FUNCIONÁRIOS/AS E SEM ABERTURA DE CONCURSO PÚBLICO

Esses são apenas alguns pontos para pensarmos o ano letivo de 2018. Sem titubear, sem criar falsas expectativas, sem criar ilusões, sem repetir os enormes erros do passado, inclusive os erros de 2017, a nossa tarefa é o diálogo com a categoria (para isso, estamos em estado de greve) no sentido de construirmos uma resposta à altura dos ataques.

Ou apostamos na força e na resistência organizada para derrotar as medidas aplicadas por este governo covarde, corrupto e mentiroso, ou nos conformemos com mais um ano letivo massacrante, atordoante como foi o de 2017, que levou ao adoecimento parte expressiva da categoria. Sem dúvidas, que as condições de trabalho no ano passado, ou, mesmo, a falta de trabalho, também foram determinantes para a perda de companheiros e profissionais valiosos, que foram acometidos por doenças graves. E como não lembrar dos tristes e lamentáveis casos de suicídio de nossos colegas?

Medidas
Ataques de Beto Richa geram desemprego e redução de salários dos educadores/as do Paraná

A assembleia do dia 27 de janeiro não deve ser apenas uma informação complementar, que vai lá no finalzinho das matérias do site da APP. A assembleia do dia 27 é o principal, será DETERMINANTE para a luta! Nela nós vamos decidir qual será a nossa posição frente ao estado de coisas (de desgraceira) que vem nos massacrando nos últimos anos.

Nosso papel é agitar a categoria, é construir disposição para resistência! É relembrar todas as medidas e as apostas que fizemos coletivamente em 2017 e que deram errado. O caminho de ir ao judiciário – NÃO DEU CERTO! O caminho de grupos de trabalhos com o governo, de reunião para marcar reunião – NÃO DEU CERTO! O caminho de ficar batendo de porta em porta nos gabinetes dos deputados – NÃO DEU CERTO! O caminho de ficar fazendo mobilizações por representação – NÃO DEU CERTO! Se desejamos de fato reverter a situação que está colocada (pontos levantados acima) não podemos apresentar os mesmos antídotos contra um veneno que veio mais forte!

Não venham falar em “REMÉDIOS JURÍDICOS”, sejamos verdadeiros. Precisamos dizer quem é o JUDICIÁRIO DO PARANÁ, ou esquecemos disso? (Esquecemos do auxílio-moradia retroativo? Esquecemos do julgamento do massacre de 29 de abril? Esquecemos do julgamento das liminares da hora-atividade? Esquecemos que a justiça avalisou o acordo da greve de 2015 – o governo não poderia mexer na previdência dos servidores/as sem amplo debate – e depois nada fez quando o governo quebrou o acordo. Esquecemos do caráter da justiça, que não é exclusividade do Paraná. Esquecemos o lado do STF? Esquecemos do golpe e dos golpes que estão dentro do golpe?)

Não tem saída fácil para nós! Nunca teve (a história da classe trabalhadora no mundo inteiro no diz isso). Esse é o debate que precisa ser feito com o conjunto da categoria. Decidir ir à greve, não nos dá certeza de vitórias, precisamos resgatar o histórico recente das últimas greves e paralisações: 2015, 2016 e 2017. Olhar para história recente e retirar dela os elementos importantes para nossa reflexão-ação. Existem elementos diferentes entre a greve de 2015 e as greves de 2016 e 2017.

A
Força, união e disposição da categoria são fundamentais para a mobilização em defesa dos direitos 

Em 2015 fomos à greve em dois momentos, com quase a totalidade da categoria, e com uma disposição enorme, pouco vista em outros momentos. Isso foi determinante para ocuparmos a ALEP nos dias 10 e 12 de fevereiro e colocarmos abaixo os projetos que acabavam com a carreiras dos servidores/as e educadores/as e atacavam a previdência. Avalio que ali, na primeira greve, a categoria tinha o rumo da luta em suas mãos. No segundo momento, quando ocorreu o massacre do 29 de abril, também tínhamos o rumo da luta em nossas mãos, e a nossa decisão foi lutar pela previdência, inclusive lutar e resistir mesmo sendo uma luta desproporcional, injusta pois o inimigo tinha a força armada, equipamentos, mídia, judiciário, deputados, etc.

Avalio que tiramos das nossas mãos o rumo da luta quando acreditamos inicialmente no acordo firmado com o governo (articulado por parte da bancada do camburão), acordo este que já rebaixava o direito à data-base. Continuamos tirando o rumo das lutas das nossas mãos quando passamos a apostar e a aceitar que outras medidas pudessem resolver os nossos problemas (medidas como: judicialização, buscar o legislativo, esperar pelas inúmeras reuniões e promessas do executivo, fazer a luta por representação). Não estou afirmando que deixamos de lutar, ou negando que essas medidas fazem parte da luta. Mas entendo que a chance dessas ações trazerem resultados positivos só é grande se combinadas à forte mobilização da categoria, e mesmo assim, não há garantias!

É nosso papel militante/dirigente ajudar a reconstruir a confiança da nossa categoria na sua própria força e organização, e não delegar o nosso presente e o nosso futuro para terceiros (deputados, judiciário ou ao próprio governo).

Também não devemos delegar a luta aos representantes/dirigentes sindicais. Os dirigentes têm o papel fundamental de representar a categoria e os seus interesses, mas as decisões, os passos da luta e a própria luta, precisam nos pertencer.

Animai-vos, agitai-vos, pois vamos precisar de toda a força e disposição para construir o nosso futuro. TODOS E TODAS À ASSEMBLEIA DIA 27!

Cátia Ronsani Castro é presidenta da APP-Sindicato/Foz